Fernanda Brum, a Mezzo que multidões pensa ser Contralto.



Essa eu tenho propriedade pra falar, porque é uma Voices.

É quase impossível que exista alguma música da Fernanda Brum que eu não tenha ouvido.

Ela é uma das minhas principais referências de infância.

Quando eu ainda estava no início do estudo da técnica vocal eu acreditava no que muitos diziam, que Fernanda Brum era Contralto. Aliás pra quem não tem muita experiência com classificação vocal, qualquer voz que não seja bem fininha igual a da Ana Paula Valadão já imediatamente é Contralto.

E não é nada disso.

Na verdade Contralto é uma voz muito rara no Brasil, apesar de a maioria das mulheres cantarem em notas que são esperadas para uma Contralto, muitas não possuem essa classificação.

Muitas tem extensão vocal que chega na região de Contralto, mas não possuem: peso, corpo, volume e conforto de Contralto nas notas graves.

Fernanda Brum alcança até mesmo notas de Tenor.

Porém a região de sua voz onde seu timbre fica melhor equilibrado com mais peso, corpo, volume e conforto é na região média feminina.

Ela possui claramente um timbre médio.

Não é escuro como o de Aline Santana, que é Contralto e também não é claro totalmente como o de Pamela por exemplo, que é Soprano.

Como a maioria das mulheres Gospel, a Fernanda Brum não canta no extremo agudo de sua voz.

Ela é perfeitamente capaz de chegar em notas bem altas pelo timbre que ela tem, ela possui a mesma tessitura que Whitney Houston, em memória, uma das Mezzos mais incríveis tecnicamente, na minha opinião.

Seu timbre tem bastante metal, não é tão aveludado quanto um Contralto.

Nessa canção ela vai até o Ré 4 com a voz mista (voz de cabeça com ressonância nasal/metálica) que muita gente chama de voz de Peito mas não é.

A voz de peito só acontece nas notas mais baixas no limite grave da voz, ao falar, a maioria das pessoas já estão em uma voz mais leve misturando ressonância grave com aguda.

Fazendo então uma voz mista, um registro médio, nem forte demais nem suave demais, alguns vão chamar de Belting, outros de Voz mista e outros até de voz de peito, mas não é voz de peito pura, por isso eu não concordo com essa nomenclatura. Voz de Peito pura não sobe pro agudo e se subir o resultado é muito horrível. Essa mesma nota também costuma ser a mais alta emitida com essa técnica pela maioria das cantoras gospel, inclusive sopranos como a Ana Paula Valadão, Eyshila e Aline Barros, mas a Aline Barros vem ousando um pouquinho mais ultimamente.

A passagem da Mezzo cantando com voz completa assim, a plena potência é igual a do Barítono porém 1 oitava acima. É mais ou menos no Dó#4 que começa a passagem e essa passagem vai até o Mi bemol 4, a partir do Mi 4 uma Mezzo está em sua Voz de Cabeça e esse registro vai confortável até o Sol 4 para as Mezzos.

No Contralto essa passagem começa mais cedo no Lá3 e vai até o Si3, a partir do Dó4 a Contralto está em sua voz de cabeça e nesse registro mais leve vai até o Mi 4

O Soprano começa em voz cheia. não em voz suave, começa a passar para a voz de cabeça no Mi4, e essa passagem vai até o Fá#4 a partir de um Sol 4, a Soprano entra na região aguda de sua voz e vai confortável até o Si 4.

Notação Brasileira.

A maioria das cantoras gospel não cantam em seu registro de cabeça, porém isso é questão de gosto. No Canto Lírico todos usam muito a Voz de Cabeça, que pode ser misturada com a Voz de Peito e fica uma voz mista mais leve do que a da região média.

Através da extensão vocal as cantoras podem ultrapassar esses agudos, mas pra maioria das cantoras, essas notas são as que possuem a melhor qualidade de timbre e conforto.

Vale lembrar que a extensão (todas as notas alcançadas) não é o que classifica, mas sim a parte dessa extensão que tem mais qualidade, ou seja, tessitura.

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